Alô galera! Foto da nossa peça de redação *-*
- Taí a peça pra vcs:
Os três animais e um burro
Deus já havia criado todos os bichos, que aguardavam no palco. Entram Deus e o homem. Aquele se senta muito concentrado, e anuncia a sua criação (o homem).
Bêu- Que beleza! Ah, te dei a consciência, homem, mas não pense que tudo será carpe diem. Sem dúvida, toda a terra cairá sob teus domínios. Mas aí é que vem a parte pesada do serviço: Inteligência você já tem, e por isso tem também o dever de ser justo, de agir pela razão.
J.Menezes- Obrigado, senhor. Farei o possível para ser virtuoso.
Bêu- Não, filho, farás o possível e o impossível. E como sei que tua tarefa de administrador não é nada fácil, providenciarei algumas companhias para você. Tenha paciência, na hora certa lhe direi o seu tempo de vida. Agora, vamos dar nome aos bois.
Deus chama o burro, que estava já esperando num canto do palco, devendo prostrar-se diante do senhor, para receber a sentença que deverá cumprir em vida.
Bêu- Nobre burro – este faz uma cara de espanto, ao que o senhor responde: Sim, és nobre, igual aos teus irmãos. Prossigamos. Tu, criado por minhas mãos, deverá pegar no pesado, trabalhando no transporte de cargas, as quais levará nas costas. Ah, meu filho! Não se esqueça que seu senhor na terra, o homem, este que acabo de conceber, lhe dará ordens e muitas vezes o sujeitará a machucões. Mas eu sou pai, meu filho, eu sou pai, e por isso viverás apenas trinta anos de idade.
Ao ouvir o que Deus dissera, o burro começou a espernear e agitar-se
Rafael- Mas senhor! Passar trinta anos vivendo um sonho é coisa que qualquer um aceita, agora trinta anos debaixo de uma sentença tão pesada nem um animal resistente como eu agüenta – disse-o com um misto de orgulho e medo.
Jumento não é o grande malandro da praça, trabalha, trabalha de graça. Não agrada ninguém, nem nome não tem, é manso e não faz pirraça... (fica a critério se o trecho é cantado, na música dos saltimbancos)
Pelo amor de Deus, ou melhor, pelo vosso amor – fez um salamaleque – reduza esse pesadelo pra dez anos!
Bêu- Está bem, meu filho, dez anos será tua vida. Agora vai, os anjinhos vão te acompanhar até a porta. Ô meu deus... se dando conta do equívoco, Deus pára e diz: quer dizer, ai de mim! Pois bem, a burrada toda já está feita, portanto o que me resta é designar outro companheiro para o bicho homem.
E dito isto, chamou o cachorro. Muito serelepe, sentou-se cheio de felicidade, saudando o criador com latidos.
Bêu- Ora, vejo que acertei no grau de alegria, disse o salvador. Muito bem, muito bem. Mas lembre-se que terás muito trabalho, hein? É... Tu serás o fiel companheiro do homem, apesar de lá na terra não poderes falar-lhe a mesma língua. Não se aperreie. Tudo que o homem falar você compreenderá, e quando quiseres falar, o fará através das ações e dos latidos. Meu filho, sua responsabilidade é enorme. Além de vigiar a casa dos teus donos, lealdade deve ser o seu nome.
Ray- “Senhooor”... terei que vigiar as casas, e ainda por cima bater continência?
Bêu- Decerto. Muitas vezes, seu dono achará em você uma compreensão que não encontrará em muitos de sua espécie. Seja bom, meu filho, deixe a cachorrada para os homens, coitados. Eles são pecadores e vocês deverão minimizar seus pecados. Vinte anos é teu breve tempo.
Ray- Ai, meu “coooração”. Oh, meu soberano, tenha piedade. Se eu for morar na cidade, terei que agüentar de tudo: madames e frufrus, carros a me cortar o caminho. Viverei numas gaiolinhas apertadas, que quase tocam a morada divina. E na hora das necessidades fisiológicas, quem passeará comigo? Dez anos, pra mim, já bastava...
Ê vida de cão.
Bêu- Se dez anos é suficiente, tudo bem. Eu ainda estava pensando em te dar a tarefa de fazer esse povo rir mais um pouquinho. Mas já que vês dificuldade, deixo tudo como está.
O cachorro permanece no cenário, e vai se sentar junto do homem. Depois entra o macaco, que deve ser muito empertigado e polido. Este se encaminha em direção a deus, que novamente estava sentado, pensando.
B.a- Com licença, ó soberano dos soberanos. Desculpe o importuno, mas já aguardei na sala de espera durante certo tempo e ainda não tenho conhecimento da minha sentença, de modo que fica difícil encaminhar toda aquela papelada de responsabilidade.
Bêu- Papelada? Não, meu filho, aqui é o céu, e por tanto não há burocracia. A única coisa a ser feita é sair do portão e ir para a terra. Se não me engano, disseste que não tens sina, não é mesmo? Não diga mais isso, porque de agora em diante teu destino será fazer palhaçadas. Não meça as ações: Se pendure nos galhos, faça caretas... Acho que isso será muito bom para descontrair o ambiente.
B.a- Vossa majestade, tenha dó de mim! Podia ter me dito para fazer o que fosse, mas careta é demais. E como serei engraçado se abomino qualquer tipo erro gramatical e de etiqueta?
Bêu- Ora essa! Mal passastes cinco minutos numa sala de espera e já estás contaminado pela lei do bom comportamento? Seja livre, meu filho, deixe as leis superficiais para os seres humanos. Teu destino na terra durará trinta anos.
B.a- Obrigado, senhor, já me sinto até melhor em saber que mesmo diante de uma majestade tão ilustre não preciso me esconder atrás de um bom comportamento inato em meu ser. Só tenho uma objeção... Rolar pela relva e dependurar nos galhos é algo que demanda muita energia. Vinte anos de sufoco é mais que bom.
Bêu- Assim se faça.
O macaco foi satisfeito, pulando, para a porta de saída.
Bêu- Meu filho, espere – Gritou Deus. Só por garantia, não poderás falar nada na terra. Para os homens, sua fala será em gritos.
B.a- Sim senhor, muito obrigado.
Deus senta-se novamente, e o homem se aproxima com uma expressão orgulhosa
J.menezes- Deus – disse o homem – E o meu tempo de vida, qual será?
Bêu- Ah, meu filho, pelos meus cálculos uns trinta anos dá muito bem para você exercer o seu papel enquanto administrador e ainda ser feliz. Uma vida de glórias, é certo... Mas nunca se esqueça das responsabilidades ouviu?
Shining - Ouvi sim senhor. E me dou por satisfeito. Apesar disso, ainda tenho um pedido a fazer: vejo que cada um dos meus irmãos enjeitou dez anos. Pois bem, senhor, trinta anos de vida é um tempo pequeno para alguém com tantas funções como eu. Se o senhor puder me dar os trinta anos que o burro, o macaco e o cachorro não quiseram, fico muito honrado.
Bêu- Que homem bom! Então está tudo certo. Até os trinta anos você vai viver a sua primeira sentença. Será um ser político, terá glórias e tudo mais. Dos trinta aos quarenta, que são os dez anos do burro, serás tal qual um burro, não há como negar que carregarás pedras para sustentar sua família.
O homem ficou tão perplexo que até sentou-se. E deus continuou:
Bêu- Sim, sim, grande dever não é meu filho? E depois dos quarenta, até os cinqüenta, sei que já estarás cansado. É por isso que viverás uma vida mais leve que a do burro: a vida do cachorro. Vigiarás a casa, sendo, assim, um bom companheiro até quando estiveres um pouco cansado. Agora só falta o final, quando já tiveres teus netos. Nesta etapa da vida, a partir dos cinqüenta, viverás os anos do macaco, coisa pouca. Deverás apenas fazer macaquices para teus pequenos descendentes. Sentarás no chão, serás pai novamente. Se não me engano, ouvistes a sentença. Deverás proceder do mesmo jeito. E devo dizer que como a burocracia foi também enjeitada, dou-lhe de presente. Mas não exagere, meu filho.
Deus aproximou-se do homem, já sentado, e deu-lhe um tapinha nas costas
Bêu- Maravilha, hein? Agora vai, meu filho, seja muito feliz. Não vê, você é o único bicho que tem a vida que pediu a Deus.
- Elenco:
Beltrando - Deus
Marilia shining - Homem
Jessica Menezes - Mulher
Thiary Araujo - Anjo
Jessica Milena - Anjo
Rayane - Cachorro
Barbara - Macaco
Rafael - Burro
- Professor
Silvio Pinto - Redação